31.8.10

Paradoxo

A gente nunca vai ser bom o suficiente.
Você acha que por dar aquela esmola gorda ao pedinte malcheiroso na rua, está se tornando quase um mártir da bondade do mundo, mas, no fundo, tem a certeza que isso é muito pequeno, muito pouco para aquela pessoa.
Você quer ser o amigo perfeito, sempre atento, sempre disposto, sempre amável. Mas um dia acorda irritado, e sem querer uma grosseria aleatória é disparada contra aquela pessoa que você realmente ama, e ela nunca mais fala contigo.
Ao se esmerar em ser alguém que possa ser amado, engraçado, carinhoso e verdadeiro, e ao ter seu amor negado, sua ira inflama por julgar ter direito sobre esse bem conquistado por todo caráter e bondade que demonstrou no processo.
Se você vence medos e traumas para se aproximar daqueles por quem se sente inspirado ou apaixonado, pensa que o pior já passou. Mas a aleatoriedade da vida, com seus infinitos processos ínfimos e incontroláveis, te passa a perna.
E esse é o choro dos vitoriosos derrotados.
Se não existe explicação para a dor que te ocorre, nem motivo para o sofrimento que passa, sorria e agradeça, porque assim foi com todos os bons que te sucederam. E um dia, quem sabe, ao fazer as coisas da pior forma possível, tudo dê certo.
Então toda a bondade e gentileza compensarão.
Sim, sorria, e se sinta livre para errar acertando, novamente, pois o destino aleatório e a alegria sem graça da incerteza te acertarão, tão matematicamente certo quanto possível.

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