1.12.10

Nozes não somos as árveres.


Se, ao ver que existem ervas daninhas no jardim, o jardineiro resolver corta-las rente ao solo, terá uma terra limpa e cuidada por uma semana. Assim que cair a primeira chuva, o mato voltará a crescer e sufocará as plantas boas.
O homem é como a terra. Não é bom nem mal, mas florescerá de acordo com o que for plantado nele. Nennhuma injúria cresce sem brotar de uma semente. Nenhuma violência se manifesta antes de ter virado um tenro broto verde. Assim como nenhuma flor cresce simplesmente do vazio, sem ser levada por alguma força externa.
O pior vilão e o melhor herói que estão entre nós são resultado de complexas redes interrelacionais, psicossociais, culturais, demográficas, biológicas e espirituais. Isso é o que define quem somos e quem são esses que estão nos cercando agora, em todos os cantos do mundo.
Mas nós acreditamos ter poder de julgar o certo e o errado. O digno e o indigno. O salvo e o condenado. Nós apontamos falhas, menosprezamos diferenças e criamos coisas como as classes sociais e a pena de morte para distinguir o bom do mal. Separamos, catalogamos e rotulamos os jardins desse mundo. Não temos compromisso com a terra, com o desejo de purificá-la, de fazermos com que fique melhor para quem virá colher os nossos frutos semeados.
Temos medo. Temos medo de cavar muito fundo em nosso interior, de arrancar todas as raízes daninhas, de revirar a terra, de queimar as sementes das pragas de nosso coração. Queremos a cura em frascos de agrotóxico que tomamos para esquecer, em respostas rápidas como o jardineiro que corta o mato rente ao solo.

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