20.6.10

Não existem bandidos. Não existem mocinhos.

Acabei de assistir Unthinkable. Um filme sem patrocínio, sem produtora, sem uma direção brilhante, sem lobby, sem glamour, sem Oscar. Sem porcaria nenhuma.
Por falta de investimento financeiro, foi lançado para apenas 4 países. Para quem é atento em detalhes, fica claro, em diversos trechos do filme, que muita coisa foi cortada da edição final; e talvez seja pelo mesmo motivo.
É um filme visceral, cru, beirando a prepotência de se garantir como único verdadeiro no que se propõe a falar, e expõe exatamente o que não queremos ver.
Sequer estreou no Brasil.
E é, sem dúvidas, um dos melhores suspenses policiais que já assistí.


Site do Up! para download.


A pergunta que fica, pesando na mente de tal forma que parece descer até o estômago de maneira bem desconfortável, é: "até onde você consegue negociar com seus princípios?"
Estou pensando que todos nós nos protegemos alimentando monstros. Precisamos deles para fazer nosso trabalho sujo, para não enlouquecermos. Precisamos de nossos monstros para proteger o sistema de vida que criamos. Para proteger "nosso governo", o próprio, e o público. Se algo nos parece hostil ou perigoso, abrimos a jaula, e quando nossos supostos inimigos são despedaçados, culpamos o monstro por isso.
Afinal, somos tão limpos, bem-vestidos e perfumados.
Somos a sociedade ocidental americana.
Sorria e pouse para a foto, baby. Deixe que o monstro que criamos leve a culpa.

Spoiler:
Quando comentei que achava que tudo poderia ser facilmente resolvido se o governo cedesse para o pedido prático (mesmo que não simples) de Yusef, fui chamado de louco. Falaram que o correto seria levar duas crianças à tortura. "Pelo bem de milhares".
Yusef provou para todos que ouviram que ele estava certo, não existem mocinhos. O filme me provou a mesma coisa, assim que eu desliguei a TV.

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