30.10.10
Pessoas de plástico
Conhecí um homenzinho de plástico que prometia riquezas. Ele mesmo construiu para sí um império de plástico: Blocos montáveis, e de fundo, pilhas de coisas fabricadas.
Suas emoções também são plásticas, medidas, moldadas conforme sua vontade. Seus amigos são descartáveis, peças de um jogo que joga. Avança casas pintadas no papel cartão, de acordo com o número dos dados que diz Deus jogar. Participa de uma igreja sintética, de pessoas de barbas, ternos, casamentos e discursos padronizados. Tem conversas cortadas no estilete, montadas no tabuleiro, agrupadas com durex.
Sua afeição era passageira. Se apegava na utilidade, na forma, e não no conteúdo. E então passava adiante. Ele dizia: Te amo. Mas suas palavras eram como peças de lego, montando argumentos, se encaixando, só para no final possuir uma função.
E então fui me encontrar com o Pai Tempo. Ele estava sentado sobre uma colina alta, olhando para o mundo esfumaçado ao seu redor, com um sorriso singelo preso no rosto. - Filho - Ele me disse. - Ouça isso que o plástico despreza: Quanto mais o homem avança em ciência, mais cria formas de se transformar em sua própria produção. Seus amigos se tornam ferramentas, seus vizinhos obstáculos, e seu trabalho é só uma forma de comprar todo o resto. Então o amor, que não pode ser fabricado, desaparece.
- Esse seria o maior dos sinais do fim de minha vida, não é?
Enquanto ele ria gravemente, eu abraçava meu amor. Eu sabia que era necessário ser profundamente sincero e real no caminhar, sem negar o poder do invisível, daquilo que não poderia ser amontoado. O perfume dela estava impresso em sua carne, seus olhos amendoados me observavam atentamente, e eu sentia o arrepio, a brisa suave que bateu contra nossos corpos.
- O engano - Encerrou o Pai Tempo - Foi acharem que o sintético é o que permanece.
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acho que podemos considerar uma ponta de esperança termos o plástico como material reciclável (:
ResponderExcluirgostei muito do texto!