5.7.10

Prazer, ******



Já fui chamado de incompreensível, de herege e de arrogante.
Já me acharam um completo idiota, e alguns acabaram confirmando a teoria na prática.
Pensaram que eu fosse infantil, no bom e no mal sentido. Me deram colo, e me mandaram crescer.
Fui confundido com um "alternativo-do-contra", por causa das minhas opiniões. Alguns pensaram que eu fazia assim para chamar atenção, outros me seguiram esperando encontrar em mim um iconoclasta maluco disposto a bombardear alguma catedral religiosa. Se frustraram.
Tem gente que acha que eu sou crente, tem gente que me vê como um "perdido". Tenho discursos liberalistas e conservadores. Sou esquerda e direita. Gosto da tristeza e da alegria.
Gosto de Beirut, de ska, forró universitário, de gospel, Coldplay, MPB, indie, batuques, Los Hermanos e Teatro Mágico.
Falaram que eu deveria deixar de ser melancólico, porque depressão não é coisa de Deus. Me mandaramm calar a boca, porque eu estava histérico. Pensaram que eu era bipolar, mas me taxaram como sadio, no fim das contas.
Não odeio ninguém, mas odeio quem odeia quem não odeia ninguém.
Me chamaram de nerd, e então, de hype. Me deram um skate e um patins. Me convidaram pra jogar bola, e descobriram que eu não gosto de futebol, mesmo sendo corinthiano. Pensaram que eu era sedentário, e então descobriram que caminho 8km todo dia.
Queriam me expulsar da escola por ser maloqueiro. E tudo que eu fazia na sala de aula era chorar pra me defender de humilhações. Um proeminente rico me chamou de retardado, mesmo que tudo que eu fazia era conversar com um computador com preguiça de funcionar em meu pobre, pobre canto.
Pensam que eu sou poeta ou cronista, mas só escrevo pra me divertir. Me acham engraçado, mas não sou humorista (e alguns, nem engraçado me acham, e muito menos poeta).
Não faço questão de parecer algo, de ser diferente, de tentar convencer um grupo, de chamar atenção ou de provar o que acabei de dizer.
Consigo ver Jesus em Nietzsche, Chaplin, Saramago e Freud.
Não sorrio para parecer simpático, nem agrido com minha sinceridade.
Não levanto a mão para bater, nem dou minha cara a tapa.
Eu existo, não subsisto em conceitos caducos e rótulos tangenciáveis.
Eu não sou tão simples quanto você imagina;
Nem tão complexo como você me acusa.
Sou só um homem em construção.
Muito prazer em te conhecer.
Ou não.

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