11.3.13

A guerra e os jardins

Querer um mundo melhor dói.
Tenho notado como nossas paixões sempre nos levam ao tombo de um lado ou de outro desse muro alto, pois o extremismo não é um largar-se total à uma ideia enganosa. É mais sorrateiro e fatal.
É um simples passo em falso.
Tenho notado como nós somos intrinsecamente maus. Sem correção. Corruptos até a alma. Tenho notado como fazemos tudo para defender ideias antigas que não funcionam em um ideal mais elevado de vida. Tenho notado como lutamos por mesquinharias e bandeiras pessoais à despeito do interesse de todos. Tenho notado que, quando o garoto invade nosso quintal para florir a cabeça de sua paixão juvenil, baleamos sem dó a inocência invasora. Nossos quintais estão cheios de sangue.
Mas tenho notado que lutamos, e por isso digo que dói tanto essa dor de querer mudar a paisagem de almas que nos cercam. Nós lutamos contra inimigos invisíveis, que muitas vezes não conhecemos sequer o nome, porque isso é da natureza humana. Tentamos corrigir o que está errado, porque sabemos de nossa total perversão, consciente ou inconscientemente. Nós somos nosso próprio demônio e o inferno para todos aqueles que vivem conosco. Nós queremos aniquilar o mal que vemos nos outros. E o mal que vemos nos espelhos que chamamos de janelas.
Tenho notado que apesar de verdadeiramente maus, não nos conformamos em nossa condição. Nós queremos o bem que não conhecemos. A despeito de sermos ocidentais ou orientais, ateus ou religiosos, negros ou brancos, o que buscamos em nosso mundo é a correção do que somos; a cura para nossa deficiência, apesar de não notarmos nosso manquejar.
Por sermos maus, ainda sofreremos nas mãos uns de outros por querermos conquistar o que não sabemos o que é. Por sermos perversos, malignos e corruptos, ainda nos feriremos, e vez por outra até os mais sóbrios tombarão desse muro alto. Muitos morrerão. Mais genocídios ideológicos e verdadeiros aniquilarão nossas crianças, nossos sonhos, nossas flores. Mas no fim, de tanto lutarmos, encontraremos isso que nem sei nomear, mas alguns chamam de Paraíso.

Ho Hey by The Lumineers on Grooveshark

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