4.2.14

Alquimia

Aquele medo todo que esmaga o menino, ninguém consegue ver. O pequenino sofre, e se esvai de tristeza, e perde a cabeça tentando explicar o invisível amargor de sentir o que todo mundo diz ser ar.
Para ele, é fogo
Ele rola no chão, e todo mundo chama de louco o menino que grita de dor, e pede água, e pede refrigério que não vem.
E de tanto queimar, o fogo apaga.
E ao apagar, ele fumega no chão, pedindo perdão para todo mundo que ouviu gritar no desespero seco e cego, na angústia louca e ilógica, no sofrimento profundo e duro que não consegue explicar.
O menino se ergue, como se nunca houvesse caído.
E cada vez se ergue mais duro, couro queimado do fogo invisível e do chão áspero sem alívio. Lívido.
Um dia, menino, você aprende a queimar em silêncio, como todos eles. Não é questão de tempo, mas de talento: Transformar o fogo em ar. E respirar.

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