12.3.11

Não é a palavra nem a ação.


Se você me conhece, sabe como odeio a frase: "o cristianismo é um estilo de vida.".
Isso é muito pesado. Pouco exige esforço, já que, para ser cristão, só é necessário imitar um modelo: como quadros, músicas ou filmes. Só é necessário repetir padrões e conceitos em roupagens um pouco diferentes.
O cristianismo também não é uma verborragia, um discurso vazio que se espalha irritantemente de pessoas igualmente vazias. Mas é óbvio, e por ser tão declaradamente errado, não é isso que eu temo.
Eu tenho medo do nicho, e da sensação de minoria. Eu tenho medo que tal definição de fé nos leve a tomar uma identidade política, de tribo, ou de uma raça, contrariando o real conceito do Reino de Deus.
Mas o que importa? Precisamos de respostas fáceis, de curas paleativas que nos ajudem a fugir das perguntas.
Imprimimos padrões desde o primeira abordagem. Queremos o controle, e por isso comandamos: Se quer levante a mão, repita a oração, diga seu nome, venha à frente, dê o dízimo, leia a bíblia, faça nossa escola de teologia, lidere um grupo, evangelize, compre nossa linda camiseta, não questione, não critique. Seja aquele quem mandamos você ser. Tenha o estilo de vida que eu sei que Jesus tinha.
E então usamos a pulseira "O que Jesus faria?". O que Jesus faria se fosse assaltado? O que Jesus faria no trânsito de São Paulo? O que Jesus faria se fosse convidado para debater extraterrestres na TV? Eu não sei. Você sabe?
Mas algum dia um encontro escandaloso e absurdo aconteceu, e então dizemos ter sido encontrados por Deus. Apesar do nível de loucura dessa declaração, afirmamos com todas as palavras: Sabemos o nome do Salvador da humanidade. Eu o ouví, Ele disse que me ama. Ele disse que não existem mais barreiras, que fui perdoado, e que habita dentro de mim.
Não é à toa que os antigos eram jogados ao coliseu e odiados pelos romanos, politeístas, que acreditavam que cada um de seus deuses era uma representação de um atributo universal. Seria muita arrogância afirmar "Minerva habita dentro de mim", pois isso transformaria a pessoa automaticamente no guerreiro mais sábio do universo. Mas era isso que diziam aqueles cristãos subversivos, com seu Deus estranho. Eles eram odiados por serem arrogantes o suficiente para dizer que através de um sacrifício messiânico, elas agora incorporavam a essência do Criador do universo, inclusive das formas do céu e todas as suas manifestações divinas. Cada cristão dizia: em mim habita algo maior que todos os poderes de seus deuses juntos.
"Então provem isso vencendo meros leões". E pereciam.
E agora vejo jovens mal vestidos, embalando jargões, tentando criar modos seguros de se namorar e recalcando antigas formas de pensar. Vejo jovens quebrando CDs e videogames, e pergunto se o deus que habita dentro deles não é Dionisio, com sua característica loucura e paixão cega.
Me pergunto o que aconteceria se um dia descobríssemos e acreditássemos que aquEle que criou a tudo e a todos se move através de nós, com toda sua humildade, poder, perdão, justiça e bondade. O que aconteceria se parássemos de fazer o que Jesus faria e acreditássemos na mesma loucura dos antigos, perguntando para Jesus: - Ei, o que você quer que eu faça?
Ele vive.
O cristianismo não é um estilo de vida. É um relacionamento escandaloso.

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu jeito de escrever. Parabéns!
    ...
    Vc conhece o Portal Cristianismo Criativo (@ccriativo)

    abs!

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  2. Obrigado, Ana! Ainda não conhecia o portal, mas agora que você comentou, devo uma visita para eles.

    rs

    Um abração!

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