16.3.11

The sound of silence



De todos os valores que exercito, desde a intensidade em emoções e intenção de perfeição em atitudes que gritam quando me observo, exatamente o que eu nunca busquei é o que mais sinto falta: o mediano, o silêncio, a estática, o ócio.
E se por dizer isso eu seja interpretado como mais um malandro boa-vida, não me importo. Sei que nem só de descansos se faz um caminhar, mas um andarilho lento e paciente vai mais longe e aproveita melhor o caminho do que qualquer maratonista apressado. Essa metáfora está perfeita. Passamos correndo por tantas coisas no dia-a-dia, que não temos prazer ou surpresa ao encontra-las.
Vivemos no ciclo do muito, do doar até esvair, do compensar na vingança, do chacoalhar o Pé da Intensidade para conseguir no meio das frutas verdes alguma madura. Pois precisa ser aqui, agora, dessa forma.
Mas me digam vocês, paladinos do mérito, que sempre foram vitoriosos em batalha (mesmo quando outros a lutaram): o que um homem precisa além de uma cama para dormir, um prato para comer e uma mulher para amar?
Deus, talvez. Mas Esse habita no silêncio da alma. Barulhos continuam a distrair do que importa de verdade; pregadores e revolucionários gritando em praças públicas, músicas, sempre iguais umas às outras, o martelar de obras milenares que se estendem pela história e que nunca terminam; e o eco teimoso de vozes de filósofos e psicólogos, poetas e antropólogos, tentando descobrir como alcançar o tesouro da felicidade eterna. Estou certo que está enterrado em cada peito, no coração de quem a carrega.
Mas os barulhos, aumentando, levam homens à loucura, para mais longe da solitude e do hábito de acalmar a alma abalada diante do invisível, do imutável, do não sonoro YHWH.

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